Entrevista
1) Quando olhamos as suas peças, o que vemos em cada uma delas? Qual a sua principal característica como designer?
O que cada um vê em uma peça de design é muito pessoal. Muitas vezes as referências que cada pessoa possui em relação a sua bagagem de vida influenciam na interpretação ou imaginação sobre a mensagem que o autor quis comunicar ao desenvolver uma peça de design ou arte. Mas em relação às peças que eu crio existe uma característica predominante em muitas delas, que é a geometria em suas formas primárias: ponto, reta, plano e espaço, por exemplo. Eu sou uma designer analógica. Desenho todas as peças no papel antes de ir para o computador e, em diversos trabalhos, utilizo técnicas de desenho manual como aquarela, xilogravura e outras técnicas à mão livre.
2) Quais são as suas principais inspirações ao iniciar um novo projeto?
Em cada projeto eu acesso referências de lugares que visito, livros que leio, filmes que assisto e diversas nuances que permeiam a minha vivência pessoal e profissional. As minhas principais inspirações provêm da natureza e do universo lúdico.
3) Num projeto, qual fase mais lhe encanta?
Ver o produto pronto e "bem resolvido" é muito gratificante.
4) Para você, quais os principais diferenciais do design brasileiro?
O design brasileiro é riquíssimo em talentos múltiplos e a sua expansão já ganhou o mundo. A diversidade do nosso território proporciona estéticas e materiais únicos e no meu entendimento este é o principal diferencial do design brasileiro. Além disso, a criatividade é ferramenta infinita e ela é o que faz a diferença e é capaz de proporcionar mudanças e transformações sociais e econômicas através do design.
5) A Salva utiliza em seus produtos uma das matérias-primas mais nobres, duráveis e atemporais: o couro. Conte um pouco sobre como é trabalhar aplicando este material em suas peças.
A Salva é sem dúvida referência quando falamos em couro. E ter a oportunidade de trabalhar com couro em uma peça feita por eles é também ter a certeza de que o acabamento será impecável, reunindo características que agregam valor à peça final.
6) Uma vida com mais design é...
Se falarmos em "uma vida com mais pensamento de design, esta vida é criativa e produtiva. Se falarmos em "uma vida com mais design de coisas ou cópias de outras coisas já feitas, sem verdades, estudos ou sem referências, simplesmente para suprir a demanda por consumo," aí seria uma vida chata e sem graça. Tudo depende do ponto de vista e necessidade de cada um. Mas eu pessoalmente prefiro a primeira vida, pois cada vez mais o consumidor irá escolher por conhecer o fornecedor que está lhe vendendo, seus propósitos, como foi produzido o produto, por quem, com quais práticas de cuidado e respeito com o meio ambiente. E este é um caminho sem volta nas novas pontes a serem construídas entre designers, especificadores, fabricantes e consumidor final.
